luz....

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domingo, 1 de agosto de 2010

Na Rodoviária



Já esperei numa rodoviária...
Amei,
Chorei,
Ridículo!
Na hora não foi.
Nas rodas que marcavam o caminho da chegada, num mesmo verso que voltada
Vi carros lotando e esvaziando-se
Gente entrando e saindo...
Risos, lágrimas, gestos fortes, abraços.
GARAGEM VAZIA
Um frio “meu algoz”, na madrugada de julho
Castigava minha espera,
Na geada desenhei; meus sonhos
No vento frio, embalei meus suspiros, meus anseios
Num transe, entre a espera e o torpor;
Amei, ou sonhei que amava.
Fiz planos,
Criei histórias, aumentei a família,
Ri, fiz contas, comprei um carro
Fiz casa e “vivemos nela”;
“meu desejo” e eu,
O “vazio” e eu.
Na rodoviária conversei, cantei...
Na rodoviária chorei
Lá eu acreditei
Que “um dia eu amei”

Entre planos, pasmos e sonhos
A noite se estendeu
Nos braços da madrugada
Os carros novamente preenchiam as garagens vazias
Eram um, dois, três,
Das onze, da meia-noite, uma, duas da manhã
Em todas as faces, todos os rostos
Desfigurados pelo breu, ou pelo toque gélido do ar
Tentei todas as caras, todas as taras...
Vindo e indo, num vice-versa qualquer...
Meus olhos não reconheceram nenhuma delas
Meu coração negava o que o olho marejado insistia em dizer
Desvendar a verdade...
Minha boca perguntou desculpas, procurou todas elas.
E o frio novamente me calou;
Frustração, vergonha, revolta, amor em desserviço
E...
Escondido no manto branco e mortuário da geada
Escondido, na madrugada, volto para o nada.
Na rodoviária amei,
Chorei,
Lá até acreditei
Que um dia eu amei...

Paulo Evandro Costa – acredito que um dia aprenderei a me amar, para poder amar e se amado

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