luz....

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segunda-feira, 18 de abril de 2011



Coragem

Hoje não sei como,
Nem sei de onde recolhi forças
Mexi com a terra, remendei os céus
Caí todas as estrelas...
Engoli o vento e contei a verdade para você
Te amo, disse com todas as tortuosas palavras
Te amo, olhando nos teus olhos
Te amo, desejando tua boca
Te amo, suplicando teus abraços

Olhei nos teus tristes olhos
Senti minha boca triste
Seca
Doente
Pedi perdão por te amar
Relatei minhas fraquezas

Te escondi no meu teatro
Abri meu palco
Abri meu coração
Encenei minha tragédia
Entreguei-te minha alma
A qual você já sabia que era toda tua
Banhei nossa conversa
Minha conversa
Em lágrimas
Que se tornaram nossas...

Não deixei você falar
Tinha medo de cada resposta
De cada gesto
De cada abraço
Te relatei meus desejos
Mostrei minha carne, minha lágrima, meu suor, minhas pupilas saltadas, fugindo das órbitas de uma razão sem pai sem mãe, sem eira; sem beira

Contei sobre você em todas as minhas orações
Dos meus medos
Das minhas letras; das poesias todas feitas como esta, para você...
Te contei dos meus desejos dos meus anseios
Cobrei-te coisas do passado
Gestos errados
Falas perdidas
Lágrimas caídas

Tua mão tocou a minha
Liguei a música
Que me lembra que me relata você
Vi tua boca tremer
Minha vergonha aflorar
Meu peso desabrochar
Minha mãe me abraçar
Beijar minha face
Cuidar-me amparar
E eu com o pensamento em você
Eu todo em você
A música antiga tocando
Repetidamente tocando


E eu remoendo cada verso como uma inspiração
Funesta, ridícula, doentia
Amar adoece a gente
Eu estou doente
Não quero remédios
Não quero bálsamos
Quero só você!

Você não soube escolher as palavras
Mas agiu, tocou-me
Demonstrou um amor tímido, vergonhoso, pequeno, escondido
E tocou-me!
Mandei você embora,
Mas você não ia
Não sei se por pena
Ou por não saber como agir, reagir, querer rir...
Não sei!

Mandei você embora
Com a voz rouca perdida
No palco
Garganta doída
Palavras perdidas nas paredes do teatro
Você não ia
Ficava me olhando
Fitando meus olhos
Querendo mais
Ou pedindo ajuda

VAI!!!
Não vou mudar com você
Nem tenho como
Não consigo mudar o que amo
Não consigo brigar com o que desejo
Pois amo!

VAI!!!
E me deixa aqui, no meu lugar
No meu lugar só
NO FIM DO ESPETÁCULO, EU APAGO A LUZ; SÓ!
Entre paredes centenárias
Incrustadas de histórias
Não sei se de amor ou de guerra, mas...

VAI!!!
Que eu aqui te desenho na minha memória
Indo pequeno
Pesado
Sem ter a coragem de olhar para trás
Esperando eu chamar
Eu chamo!
Você olha, eu profetizo o nosso futuro
E você apenas olha, não sei eu, e teme o que vai dizer...

No meu devaneio
TE AMO!

VAI!!!!
Fecha a porta
Que vou apagar a luz...
Sempre eu apago a luz...
Sozinho e sem coragem apago a luz...

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