luz....

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terça-feira, 29 de março de 2011

DOR

Dor


Meu corpo dói
Como chaga flamejante
De um gemido órfão
Num grito gélido no meio de icebergs de gelo

Meu corpo dói como
Chibatada de carrasco sem dó
Meu corpo arde como queimadura de gelo
O frio gelo da tua ausência
No meio de um vazio
Que não cabe em mim
Consome a mim

Em toda hora que te vejo
Em toda a hora que respiro o mesmo ar
Que invade as salas
Que ocupa as matas
Sinto meu corpo doer
Como peso do mundo sobre Atlas

Como queria me libertar
Como queria não amar
Nem sequer simpatizar
Muito menos sorrir

O que me atormenta
É não dominar minhas vontades
Não consigo dominar a vontade de romper fronteiras
Rasgar os mapas
De quebrar as bússolas
Todas iguais
Todas tão norte
E te apresentar ao meu sul
Ao meu conforto, ao meu gosto
Ao meu prumo

Mas que fraqueza é esta¿
Não tenho forças para fugir de teus fraternos abraços
Nem sequer ar para romper tuas graças
Nem tino para desviar os olhos
Que espreitam cada movimento, cada gesto teu...
Eles me denunciam
Provocam-me
Achincalham-me
Deixam-me sem graça

Eu fico zumbi dos meus tormentos
Em sina, me transformo na dura condição
De arquivador dos meus sentimentos
Dos documentos,
Sim cada verso, cada letra que lanço nos papeis
São documentos relatos de uma fase da minha vida
Tão linda, tão bela, tão triste, tão só.
Quanto tormento!

Minha íris
Fotografa cada passo teu,
Cada retração muscular
Delira com cada gota de suor
Expelida por tua pele tão vida
Tão energia
Tão força...

Fico eu como um voyer
Doentio
Em sã consciência doentia
Numa paixão em hora tardia
Numa ânsia vazia...

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